Usina de Pautas

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"Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!” – Mário Quintana -------------------------------- “Quando crescer quero ser exatamente igual ao que era quando criança: eu mesmo”. (Eu) Marcelo Santos é jornalista e trabalha como repórter. Pretende no futuro ser escritor,roteirista, poeta, biógrafo. Também esposo, pai, filho, irmão, neto, sobrinho e amigo de muita gente.

terça-feira, novembro 21, 2006

No campo de crisântemos




E foi assim, como previa. A viagem à Bauru do fim de semana só trouxe uma má expectativa que veio se confirmar na manhã de segunda.

Quando vi minha avó no sábado, fiquei sem esperanças. Tal como eu previa, ela estava muito debilitada.

Voltei na manhã de domingo, a noite fui à igreja e depois retornei para casa para descansar.

A mala da viagem ainda não havia sido desfeita quando, na manhã de segunda-feira, minha mãe telefonou avisando que minha avó acabará de falecer...

Voltei para Bauru onde passei a noite no velório e depois a manhã, no enterro.

Tudo isso é triste. A sombra da morte é triste, estranha e indesejável. Mas, enxugadas as lágrimas, penso que foi pela Bondade de Deus que eu pude chorar, lembrar, chorar...

Porque só choro por conta da lembrança, da saudade... Lembranças e saudades de alegrias proporcionadas por Deus em outros tempos. Triste mesmo é não ter motivos para chorar; não ter razões para ficar triste. Só conhece a tristeza quem já provou da alegria.

Além disso tudo, é na morte que nossa fé é provada. Se creio no que creio, sei que a tristeza é passageira mas a Esperança em Cristo é Eterna.E eu escolho crer nessa Esperança.

Vó, até breve.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Estou com medo


Na madrugada de sábado pretendo viajar para Bauru para visitar minha avó materna. Faz quase um ano que não a vejo e o que me leva lá não é exatamente a saudade: é uma grande preocupação.

Ela está internada e seu estado não é bom. Disseram-me que ela está bastante amarela e inchada; talvez problemas nos rins. Isso me faz recordar a última vez que vi meu avô paterno vivo, há pouco mais de dez anos atrás.

Meu avô era um sujeito forte e animado. Tinha 64 anos quando a doença-sem-cura que surge sem-um-porquê o pegou. Eu era adolescente e estava no primeiro ano do colégio e ria muito com ele, com seu jeito simples e afetuoso. Fazia amigos facilmente, dirigia seu fusquinha barbeirosamente…

Ele tinha umas tiradas ótimas. Meu irmão caçula era um bebê e ele brincava com ele no colo “ôôôô tico-tico-tico”. Quando ficava nervoso com nossa bagunça pela casa ele dizia: “Vocês vão bagunçar o coreto, é?” Só descobri o que era coreto depois que ele partiu. A doença-sem-cura o maltratou e, em poucos meses, ele padecia sobre um leito de hospital.

Outro dia, ao assistir um vídeo antigo dele, chorei sozinho na sala. Lembrei-me de minha última visita. Meu avô estava franzino e amarelo, mal tinha forças para falar… eu era um adolescente, mas percebi ali que dificilmente o tornaria a ver antes do reencontro com Cristo.

Estranhamente, esse é o meu medo nesta viagem rumo a Bauru. Temo em ver minha vó de um jeito diferente ao que estou acostumado. Minha avó não é tão animada quanto meu avô era; tinha seus motivos. A vida lhe foi dura, perdeu dois filhos jovens – tios que eu nunca conheci - além de outros dissabores.

Espero que ela melhore e que eu possa levar meu filho para brincar com ela nos próximos meses.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Festa de Aniversário



Por falar em aniversários, lembro do meu, em comemoração aos seis anos. Lembro dos cinco engradados cheios de refrigerante tintilando no quintal, quando os entregadores da Antártica levavam a encomenda até em casa. Lembro também de minha mãe enrolando o chocolate e jogando granulado. Do cheiro doce que ficava na cozinha causando curiosidade nos vizinhos.

Na festa dos meus seis anos, meus principais amigos foram convidados. Havia os “caras” da rua e os da escola. Era época do pré e nos reuníamos em torno da mesa que tinha sobre si um bolo que reluzia a luz das tradicionais velinhas. Tinha também uma menina… sim, uma menina; a Vanessa …. … Estudava em minha classe e eu, imagino, tinha uma pequena queda por ela. Bom, não sei se era isso. O fato é que, quando me perguntaram para quem iria o primeiro pedaço do bolo, passei os meus olhos pelos rostos pedintes de meus pais, de meus avôs e parei na Vanessa, com seu cabelo louro, olhos castanhos e jeito doce. Fitei meus olhos ali, por alguns segundos. E, em meio ao interrogatório - “Quem vai ganhar o primeiro pedaço?” “Olha lá?” - Num arroubo de coragem, estiquei firmemente minhas mãos, que segurava o pratinho-prêmio, na direção da Vanessa.

Ela ficou vermelha e eu também. Não sei exatamente porque fiz isso; não me recordo de nenhum affair antes do convescote. O fato é que gostei da atitude corajosa. A Vanessa nunca mais foi em uma festa de aniversário minha – não sei se foi por falta de convite ou por outro motivo.

Tudo isso pode ser -como eu mesmo diria em um momento de mau-humor - bobagem. Mas a vida sem bobagens é muito difícil de se levar.