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"Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!” – Mário Quintana -------------------------------- “Quando crescer quero ser exatamente igual ao que era quando criança: eu mesmo”. (Eu) Marcelo Santos é jornalista e trabalha como repórter. Pretende no futuro ser escritor,roteirista, poeta, biógrafo. Também esposo, pai, filho, irmão, neto, sobrinho e amigo de muita gente.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Caminhando ao lado do estuprador


Sempre tive repulsa aos estupradores. Considero este tipo de criminoso um covarde, um sujeito de tamanha baixeza que sempre recebeu de mim o mais completo desprezo e ódio, legitimando pensamentos como “que receba na prisão o que causou as suas vítimas” ou “que rasteje pelas sombras, pelas sarjetas até que, num único ato de dignidade, acabe pondo fim a sua própria existência”.

Pensamentos nada nobres, eu bem sei. Mas, afinal, é um estuprador....

Principalmente quando pensamos em crianças, adolescentes que terão suas vidas destroçadas, seus sonhos arrasados, sua auto-estima arrebentada para sempre por causa de um vil criminoso que queria extravasar seus impulsos sexuais.

Mas, durante essa semana, conheci algumas pessoas. A principal delas foi a doutora Dorothea, psicóloga de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Ela também tinha asco por estupradores. Conhecia os efeitos nas vítimas de abuso sexual, que atendia em seu consultório. Foi quando recebeu um convite do presídio local, para auxiliar um estuprador que queria repensar sua vida. Na verdade, um passatempo para o criminoso, que nada de mais útil tinha para fazer. No entanto, um grande desafio para Dorothea, que precisou ajustar sua apertada agenda para ajudar o sujeito

Foi ali, nas dependências da putrefata carcerária, que um milagre aconteceu. Não sei bem se foi uma luz, que flutuou sobre o piso defecado e urinado do presídio. Se um som como de harpas ou uma figura de uma pomba, que pousou na janela da cela (costumo visualizar estes símbolos, quando penso na Graça de Deus se deslocando do Céu até o pecador). Só sei que uma profissional bem sucedida esticou sua mão ao mais vil pecador. Visitou a família deste homem, acompanhou os dramas e os ajudou até o dia que o outrora estuprador se transformasse num pecador arrependido, ciente de sua desgraça humana.

Fico pensando até onde a Graça de Deus pode chegar. Essa manifestação divina que não faz super heróis, mas convence o homem de sua baixeza, de sua total carência do Criador.

Qual é a diferença daquele estuprador para mim? Ele, o criminoso, sabe que não pode restaurar ou pagar pelo que fez. Que nada nessa vida pode compensar o dano que causou a suas vítimas. Eu, bem, às vezes me engano achando que não sou tão ruim assim. Que tenho créditos para negociar com o Criador... mas, na verdade, como me ensinou a doutora Dorothea, há apenas dois tipos de pessoas. Pecadores arrependidos e regenerados pelo poder transformador de Deus e pecadores não-arrependidos.

Que Deus me mostre outras Dorotheas pelo caminho.