Usina de Pautas

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"Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!” – Mário Quintana -------------------------------- “Quando crescer quero ser exatamente igual ao que era quando criança: eu mesmo”. (Eu) Marcelo Santos é jornalista e trabalha como repórter. Pretende no futuro ser escritor,roteirista, poeta, biógrafo. Também esposo, pai, filho, irmão, neto, sobrinho e amigo de muita gente.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Tem que valer, valer, viver...


"Quero que me digam que eu tentei ser direito e caminhar ao lado do próximo. Quero que vocês possam mencionar o dia em que tentei vestir o mendigo, tentei visitar os que estavam na prisão, tentei amar e servir a humanidade. Sim, se quiserem dizer algo, digam que eu fui um arauto: um arauto da justiça, um arauto da paz, um arauto do direito. Todas as outras coisas triviais não têm importância. Não quero deixar nenhuma fortuna. Eu só quero deixar uma vida de dedicação! E isto é tudo o que eu tenho a dizer:
Se eu puder ajudar alguém a seguir adiante, se eu puder animar alguém com uma canção, se eu puder mostrar a alguém o caminho certo, se eu puder cumprir o meu dever cristão, se eu puder levar a salvação para alguém, se eu puder divulgar a mensagem que o Senhor deixou......então a minha vida terá valido a pena!" [Martin Luther King Jr.]
E valeu, Doutor, como valeu.

domingo, agosto 10, 2008

Eloi, Eloi, lama sabactani?


Quando era criança, sempre imaginei que ser Pai bastava. Afinal, os filhos são a causa maior da nossa alegria.

Ledo engano. Não basta ser pai. É preciso ser filho também. Vejo isso quando olho para meu pai. Há 15 anos meu avô paterno faleceu. E, há 15 anos vejo meu pai colocar a música “Pai”, do Fábio Jr., se refugiar do tumulto e segurar as lágrimas de saudade.

Fico pensando em alguns amigos próximos, que não têm seus pais presentes. Meu amigo Régis, por exemplo. Gente muito boa. Desde que eu o conheci, não tinha mais contato com seu pai. Casou e teve sua filha sem ter seu pai por perto.

Fico pensando no meu amigo Alê, que faleceu em maio, sem ter comemorado o primeiro dia dos pais ao lado do seu pequeno Gustavo. O Alê também não teve a presença paterna ao seu lado. Também foi vítima de uma separação. Do abandono do pai, que seguiu com outra família.

Esses dois amigos nunca reclamaram a falta do pai. Mas sempre a demonstraram. Suas características pacatas deixavam exposta uma das marcas que a ausência paternal provoca. Quando não se tem pai, não se pode ser valentão, afinal, não haverá um pai para segurar a barra. O pequeno Gustavo tem um grande desafio pelo frente.

Paradoxalmente, tenho muito que agradecer. Sempre tive por perto a figura do meu pai. Sempre soube que ele estaria ali. E, até hoje, não tenho medo da vida porque sei que ele está por perto para me ajudar, caso eu faça uma burrada. Os filhos sempre acreditam que o pai é um poço infindável de coragem, de sabedoria e de dinheiro também.

Quanto aos amigos que não tem seus pais por perto, posso lembrar do momento mais duro da vida de Jesus. Do alto da cruz, às três da tarde, em meio à escuridão que assolou aquele dia, Jesus olhou para os céus e clamou: Eloi, Eloi, lema sabactani? (Meu pai, por que me desamparaste?). Foram as últimas palavras de Jesus, que tinha seu coração mais dilacerado do que o próprio corpo. Sua alma clamou por seu pai.

A boa nova é saber que Deus entregou seu único filho para que através de Jesus todos pudessem ter também um pai. Desta vez um Pai eterno e incorruptível. Após a ressurreição de Cristo, suas primeiras palavras, foram: “Não tenham medo! Vão dizer aos meus irmãos (...)” Jesus referia-se aos seus irmãos, filhos do mesmo Pai. Filhos de Deus.

A dor do distanciamento do pai, aqui na terra, é reflexo da dor de não ter um Pai celestial.Jesus olhou e viu os céus vazios. Muitos amigos e pessoas tão amadas olham e vêem a casa vazia. O quarto vazio. O portão que nunca mais vai ranger ao ser aberto pelo pai, na volta do trabalho.

Mas há esperança. A fé cristã alimenta essa esperança: a de que o pai pode até se ausentar por um pequeno momento. Mas, logo, ele estará lá. Sim. Ele jamais se esquece do seu filho.
E o filho jamais se esquece de seu pai. E coloca logo Fábio Jr. no tocador de CD, que eu quero chorar à vontade.