Festa de Aniversário
Por falar em aniversários, lembro do meu, em comemoração aos seis anos. Lembro dos cinco engradados cheios de refrigerante tintilando no quintal, quando os entregadores da Antártica levavam a encomenda até em casa. Lembro também de minha mãe enrolando o chocolate e jogando granulado. Do cheiro doce que ficava na cozinha causando curiosidade nos vizinhos.
Na festa dos meus seis anos, meus principais amigos foram convidados. Havia os “caras” da rua e os da escola. Era época do pré e nos reuníamos em torno da mesa que tinha sobre si um bolo que reluzia a luz das tradicionais velinhas. Tinha também uma menina… sim, uma menina; a Vanessa …. … Estudava em minha classe e eu, imagino, tinha uma pequena queda por ela. Bom, não sei se era isso. O fato é que, quando me perguntaram para quem iria o primeiro pedaço do bolo, passei os meus olhos pelos rostos pedintes de meus pais, de meus avôs e parei na Vanessa, com seu cabelo louro, olhos castanhos e jeito doce. Fitei meus olhos ali, por alguns segundos. E, em meio ao interrogatório - “Quem vai ganhar o primeiro pedaço?” “Olha lá?” - Num arroubo de coragem, estiquei firmemente minhas mãos, que segurava o pratinho-prêmio, na direção da Vanessa.
Ela ficou vermelha e eu também. Não sei exatamente porque fiz isso; não me recordo de nenhum affair antes do convescote. O fato é que gostei da atitude corajosa. A Vanessa nunca mais foi em uma festa de aniversário minha – não sei se foi por falta de convite ou por outro motivo.
Tudo isso pode ser -como eu mesmo diria em um momento de mau-humor - bobagem. Mas a vida sem bobagens é muito difícil de se levar.
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