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Local: São Paulo, SP, Brazil

"Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!” – Mário Quintana -------------------------------- “Quando crescer quero ser exatamente igual ao que era quando criança: eu mesmo”. (Eu) Marcelo Santos é jornalista e trabalha como repórter. Pretende no futuro ser escritor,roteirista, poeta, biógrafo. Também esposo, pai, filho, irmão, neto, sobrinho e amigo de muita gente.

domingo, outubro 22, 2006

Minha primeira vez





Atraído ao local que era um pouco escuro, estava excitado com a experiência que se seguiria. O medo de ver sangue não me incomodava. Não via mesmo a hora de tudo começar, e assim tive uma das sensações mais interessantes quando, num sábado a noite (e, como diz aquela música, “todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite”), acompanhei uma luta de muay thai, uma modalidade que inclui golpes com os pés, joelhos e mãos.

A experiência foi por conta de uma pauta que estava escrevendo. Sabia que não poderia fazer uma matéria sobre lutas de contato sem nunca ter assistido a uma pessoalmente. Tudo bem, já joguei video-game e assisti canais pagos com esse tipo de esporte. Quando mais jovem, nos reuníamos em casas de amigos só para ver aqueles brutamontes desferirem seus violentos golpes pela tv. Era emocionante. Mas ao vivo seria muito melhor.

Talvez você até me recrimine, achando que sou um apologista da violência etc. Mas, seja sincero, quando na escola alguém gritava: “É briga!”, você nunca saiu correndo para ver os brigões rolando pelo chão com seus livros de matemática e ciência sendo esparramados pela calçada? Era uma espécie de revolta contra a razão. Danem-se os livros, pra que motivos; logo logo seremos obrigados a pedir desculpas um ao outro e aí estara tudo bem.

Lembro de uma ocasião – eu deveria estar na quarta série (10 anos) - e nunca havia brigado na escola. Nem um empurrãozinho. A virgindade de meus punhos me incomodavam. Havia um outro colega, o “zoreia”. Ele era mais experiente. Sempre dava e recebia uns murros pelos corredores da escola. Um dia não resisti. Acho que nem houve motivo. O fato é que fui educadamente até ele para pedir que marcássemos um embate para o fim da aula, no portão da saída –o palco dos palcos!.

Ele, como bom brigão que era, aceitou de pronto sem me perguntar as razões. Talvez ele entendeu a minha aflição em acabar de vez com a fama de “P.V” (punho virgem), afinal, já tinhámos dez anos. Precisávamos exercer nossa masculinidade.

Chegou o horário e nos encontramos na saída. Aguardamos um pouco enquanto o público se acomodava ao redor. Alguns colegas, solidários, fizeram a propaganda pela escola. “Olha, sabe o Marcelo da Quarta B? Então, ele vai brigar com o zoreia da C”.

Com uma platéa considerável, começamos o duelo. Acho que levei uma rasteira no primeiro movimento. Troquei alguns socos na região do peito (no rosto era falta de honra) e logo uma professora nos recriminou e apartou a briga. Com isso, a roda soltou um sonoro “ah!” e se desfez em segundos. Ficamos eu e o “zoreia” na calçada, chateados por nossa luta não ter durado mais que um minuto. Mas, foi um dos minutos mais deliciosos de minha vida. Por fim, fomos embora juntos, como bons amigos que éramos. Daquele instante em diante eu sabia que havia estrelado o hall da fama dos lutadores do 1º grau (ensino fundamental de hoje). Voltei radiante para casa, sem contar nada para minha mãe, é claro; ela jamais entenderia. Algumas experiências não podem ser compartilhadas…são guardadas apenas em nossos corações e mentes. São momentos únicos na vida.

1 Comments:

Blogger Fernanda said...

E eu não me esqueço do bilhetinho no estojo: "Você gosta de mim?
-SIM- ou -NÃO-" . Não tem nenhuma relação com as brigas, mas também aconteceu na minha quarta série. Desde então, universos masculinos e femininos são completamente diferentes!

Beijos,

5:46 AM  

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