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"Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!” – Mário Quintana -------------------------------- “Quando crescer quero ser exatamente igual ao que era quando criança: eu mesmo”. (Eu) Marcelo Santos é jornalista e trabalha como repórter. Pretende no futuro ser escritor,roteirista, poeta, biógrafo. Também esposo, pai, filho, irmão, neto, sobrinho e amigo de muita gente.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Estou com medo


Na madrugada de sábado pretendo viajar para Bauru para visitar minha avó materna. Faz quase um ano que não a vejo e o que me leva lá não é exatamente a saudade: é uma grande preocupação.

Ela está internada e seu estado não é bom. Disseram-me que ela está bastante amarela e inchada; talvez problemas nos rins. Isso me faz recordar a última vez que vi meu avô paterno vivo, há pouco mais de dez anos atrás.

Meu avô era um sujeito forte e animado. Tinha 64 anos quando a doença-sem-cura que surge sem-um-porquê o pegou. Eu era adolescente e estava no primeiro ano do colégio e ria muito com ele, com seu jeito simples e afetuoso. Fazia amigos facilmente, dirigia seu fusquinha barbeirosamente…

Ele tinha umas tiradas ótimas. Meu irmão caçula era um bebê e ele brincava com ele no colo “ôôôô tico-tico-tico”. Quando ficava nervoso com nossa bagunça pela casa ele dizia: “Vocês vão bagunçar o coreto, é?” Só descobri o que era coreto depois que ele partiu. A doença-sem-cura o maltratou e, em poucos meses, ele padecia sobre um leito de hospital.

Outro dia, ao assistir um vídeo antigo dele, chorei sozinho na sala. Lembrei-me de minha última visita. Meu avô estava franzino e amarelo, mal tinha forças para falar… eu era um adolescente, mas percebi ali que dificilmente o tornaria a ver antes do reencontro com Cristo.

Estranhamente, esse é o meu medo nesta viagem rumo a Bauru. Temo em ver minha vó de um jeito diferente ao que estou acostumado. Minha avó não é tão animada quanto meu avô era; tinha seus motivos. A vida lhe foi dura, perdeu dois filhos jovens – tios que eu nunca conheci - além de outros dissabores.

Espero que ela melhore e que eu possa levar meu filho para brincar com ela nos próximos meses.